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Crítica: Bela Vingança


Crítica por Isaac J. Serrão


"E você imagina do que as mulheres têm medo?"


Durante a história do cinema, houveram várias versões cinematográficas sobre o assédio e mulheres que decidiram revidar de forma brutal. Tais filmes geralmente são obras com boas doses de sangue, geralmente com uma protagonista feminina que dá o troco a altura da violência que sofrera; Castração, degolação, tortura, tudo isso entra no pacote em filmes como: A vingança de Jenifer, Doce vingança, vingança, entre tantos outros que abordam essa temática. Mas, além disso, sabe o que esses filmes têm em comum? Foram dirigidos por homens. E apesar de possuir boas obras do gênero, há sempre um olhar superficial sobre as protagonistas e o verdadeiro trauma que é sofrer a violência. Seja ela verbal, física, sexual, ou qualquer outro tipo. Por isso, eis que em 2020, chegando gradativamente aos circuitos Brasileiros nesse ano, dirigido e escrito por Emerald fennell, Bela Vingança é um filme sensível a temática que se propõe, uma obra simples, mas com uma mensagem poderosa sobre as consequências dos assédios e abusos diários que as milhares de mulheres sofrem.


Cass (Carey Mulligan) é uma mulher fechada e fria que vive um dia de cada vez trabalhando em uma cafeteira. Porém, ela possui um hobbie incomum, às noites ela finge estar bêbada e vulnerável tornando-se alvo fácil de homens predadores. Mas, tudo não passa de um plano revelando planos bem diferente do que eles esperavam. A primeira cena da obra já emblemática pela contrução primorosa da diretora/roteirista. Em poucos segundos ela nos demonstra tudo o que foi dito a cima de forma simples e bem colocada. Não quem não sinta uma surpresa ou incomodo quando ouve a frase: "Hey, What the Fuck are you doing?" Sendo assim, somos manipulados a acreditar que será mais um daqueles filmes violentos, com personagens rasas, que nos presentearão com banhos de sangue. Só que não! Após ouvir-mos a emblemática frase, somos levados de forma crua a uma sequência que basicamente nos diz que a ideia não é desenvolver qualquer vingança ou simplesmente banhar-nos de sangue, mas sim mostrar as consequências de atos e omissões e o quanto isso é doloroso para os envolvidos direta ou indiretamente.


Carey mulligan simplesmente dá um show e prova porque sua indicação ao oscar foi mais do que merecida. A principio a sua Cass pode parecer que está no piloto automático, ou que não está havendo evolução, mas aos poucos vamos percebendo a construção minimalista da personagem, no seu medo de se relacionar, em suas anotações na cardeneta, na relação com seus pais (Jennifer Coolidger e Clancy Brown) ou em todos os momentos de "vingança" feitos por ela. É simplesmente inacreditável o quanto a atriz expressa tanto com tão pouco. E a diretora parece confiar plenamente no trabalho de sua interprete. Ainda falando do elenco, a relação do casal principal, Cass e Ryan (Bo Burnham) é inacreditável, chega ser assustador o quanto conseguimos entender a dor Cass e o medo dela de se apaixonar. Como disse Gustavo Ugá do canal do you tube Super 08, é uma sensação que temos de nos importar, torcer e ao mesmo, lá no fundo pensar: Vai dar merda!



Outro grande acerto do roteiro é decidir quase por completo, abrir mão da violência. O simbolismo usado nas cenas, junto com os excelentes diálogos, criam uma tensão que vale mais do que qualquer gota de sangue. Até nos diálogos que poderiam ser considerados mais explicativos, tornaram-se bem encaixados, tanto na construção de cada tomada, quanto na construção em que essas linhas são colocadas. A sensação é de um filme leve, mas ao mesmo tempo com uma mensagem muito poderosa, que torna tudo muito sério.


E é claro que eu não podia deixar de esquecer da trilha sonora, a releitura de It is Raining Men (The weather girls) e Toxic (Britney Spears) encaixam perfeitamente, mostrando claramente que não estão na obra de forma gratuita. O momento em que Toxic entra em cena é de arrepiar, sendo um prelúdio da unica cena violenta da obra que de tão bem feita, torna-se brutal, simples e inacreditável.


No fim Bela Vingança é um filme obrigatório para quem gosta de um bom thriller de suspense, uma obra que passa uma mensagem extremamente necessária, sem abrir mão de um enredo fictício bem construído. Acredito que Bela vingança faz com a temática sobre a mulher o que Lovecraft Country fez com o racismo, uma critica bem construida, uma ficção divertida e assustadora que coloca novamente o homem como um grande vilão que existe no mundo real, infelizmente.


Nota: 👏👏👏👏👏

Palmas de pé - 5,0/5,0


TÍTULO: Bela Vingança (Promissing Young Woman - EUA - 2020)

Diretora e Roteirista: Emerald Fennel

Duração: 113 min

Elenco: Carey Mulligan, Adam Brody, Alfred Molina, Alisson Brie, Bro Burnham, Chris Lowell, Christopher Mitz-Plasse, Clancy Brown, Connie Britton, Francisca Estevez, Jennifer colidge, Laverne Cox.

Classificação: 16 anos



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